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Carina Dittrich: uma cidadã do mundo

 Carina Dittrich

Carina Dittrich mora na Alemanha, mas é preciso sempre dar uma conferida em seu "mapa mundi" virtual pra saber onde ela realmente está no momento. É que ela é uma cidadã do mundo e transformou sua paixão por viagens em ofício, abandonando até mesmo sua profissão inicial.

Carina é bem conhecida pela comunidade brasileira na Alemanha. Quem a conhece pessoalmente não lhe poupa elogios. É formada em Odontologia, nasceu em Joinville, tem 38 anos e agora trabalha em sua própria empresa, como Assessora de Viagens. Mora em Frankfurt am Main há 12 anos, é casada e ainda não tem filhos.

Em entrevista ao nosso site, ela fala sobre sua paixão por viagens, sobre seu trabalho e sobre a vida na Alemanha.

[message_box type="info" close="no"]Alemanha + Brasil 2013/2014Em parceria com a página Brasileiros-na-Alemanha.com, a Temporada Alemanha+Brasil publicará uma série de entrevistas de brasileiros que trazem consigo grandes histórias sobre a vida na Alemanha.

►Curta a página da Temporada e confira toda quinta-feira uma de nossas entrevistas fresquinha na Fanpage: https://www.facebook.com/alemanha.e.brasil

Esta semana vamos conhecer Carina Dittrich, que vive em Frankfurt há 12 anos.
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BNA: Por que Alemanha?

CARINA DITTRICH: Alemanha foi uma casualidade na nossa vida, meu marido fazia doutorado patrocinado por uma empresa nos EUA, que comprou uma empresa na Alemanha e contratou ele para fazer transferência de tecnologia. A gente veio e ficou.
 
BNA: Você já sabia falar alemão quando se mudou para cá?

CARINA DITTRICH: Não, fiz umas aulas particulares antes de vir, mas quem estuda o idioma sabe que não adianta muita coisa.
 
BNA: O que você pensava sobre a Alemanha antes de morar aqui?

Carina Dittrich

CARINA DITTRICH: Alemanha era um país que não me chamava atenção, eu nunca tinha imaginado nem vir passear aqui... Sempre sonhava com outros lugares, mas nunca com a Alemanha, apesar de toda minha família ser de origem alemã. Era um país distante de mim, eu não me interessava muito, por isto nem lembro o que eu pensava a respeito do país e dos habitantes.
 
BNA: Você decidiu não trabalhar em sua profissão na Alemanha e agora trabalha na área de turismo. Por quê?

CARINA DITTRICH: Quando eu vim, era para ficar somente um ano, que se transformou em mais um, e mais um... Então, no começo, eu achava que seria só uma fase e não valia a pena ir atrás de validação, fazer cursos e etc. Eu achava que iria voltar pro Brasil, retomar meu consultório e ter minha vida exatamente como deixei. E o tempo foi passando, os anos foram se somando e eu me distanciando da Odontologia, até que ela deixou de ter um significado para mim.

E porque seria por pouco tempo, me dediquei a viajar e conhecer tudo ao meu redor, já que daqui é muito mais fácil e acessível. Depois de tanto viajar, descobri que eu poderia ajudar os outros a viajar melhor, e surgiu minha nova paixão: dar assessoria e montar roteiros de viagens.
 
BNA: O que significa para você viajar para outros países?

CARINA DITTRICH: Cada viagem é como uma porta ou janela que vai se abrindo e iluminando o ambiente. Eu me vejo dentro de uma sala, e a cada nova viagem, esta janela aberta ilumina ainda mais minha vida, trazendo luz, conhecimento, sensações, sentimentos... É muito sentimento, muito intenso descobrir que existem diversas formas de felicidade, de credos, de culturas e que o certo ou errado pode variar dependendo do meio de onde se está. Viajar, mais do que conhecer outras culturas, é se conhecer, ou reconhecer o quão pequeno e o quão grande se é.
 
BNA: Pergunta frequente de seus amigos e conhecidos: “onde está a Carina?” Isto nos deixa curiosos: quanto tempo em média você passa na Alemanha?

CARINA DITTRICH: (Risos) Nem passo tanto tempo fora assim!! Ou será que passo? Agora fiquei curiosa também... Mas eu diria que uns 9 meses do ano eu fico na Alemanha sim (acho!!).
 
BNA: Quantos países você já visitou e quanto tempo, em média, você passou em cada um?

CARINA DITTRICH: Esta pergunta eu posso responder porque baixei um 'app' dias atrás que conta quantos por cento do mundo se conhece (chama-se Been App), e contei os países,  deu 49 (19% do mundo, ô delícia de mundão grande!), mas já tenho agendadas algumas viagens e este ano deve dar 53 ou 54 países conhecidos. A média em cada um depende muito, os países aqui perto são fáceis de ir e voltar diversas vezes, os mais distantes, costumamos a fazer férias de 3 semanas.
 
BNA: Você costuma voltar nos países que já visitou? Em quantos deles você passou uma só vez e em qual deles ficou por menos tempo?

CARINA DITTRICH: Costumamos voltar sim, principalmente nos países que nos agradam e nos quais sentimos afinidade. A África é um continente que temos um carinho muito especial e nos últimos anos temos sempre retornado para lá, mas cada vez conhecendo novos países. Vários países estivemos uma vez só, mas a grande maioria retornamos várias vezes, mas não é nada premeditado, a oportunidade surge e retornamos.
 
BNA: Em que país você prometeu a si mesma que não volta nunca mais, porque você não gostou ou viveu alguma experiência muito negativa?

CARINA DITTRICH: Não tem nenhum país que eu não retornaria, mas o único que não me agradou a ponto de me empolgar a retornar foi a Venezuela. Uma pena ver que um governo pode destruir até as belezas naturais...
 
BNA: E qual o país que ganhou seu coração e que você sempre pensa em voltar?

CARINA DITTRICH: Amo Karpathos, uma ilha grega, e nos encantamos com a África do Sul.


Carina Dittrich 

BNA: Tem alguma experiência divertida, engraçada ou até mesmo ridícula e que até hoje te faz rir?

CARINA DITTRICH: Na Tailândia, todos nos advertiam que os taxistas falavam muito mal inglês, mas encontramos um rapaz novo, que falava alguma coisa. Contratamos ele para fazer um tour e visitar uns lugares nos arredores de Bangkok, entre elas uma ponte ("Bridge") era uma atração de lá, e ele fez um preço muito barato. Eu estranhei, sabia que custava mais, e meu marido escreveu num papel os nomes das atrações, fez um mapinha, e perguntou se era mesmo até a “bridge”. Ele repetia: Bridge, bridge. Ok, no dia seguinte fomos para a primeira visita. Tudo certo, mas ao ir para a tal ponte eu vi que ele estava indo pra direção sul, e eu sabia que ficava ao norte. Comecei a falar para nossos amigos que não podia estar certo, e eles diziam que ele deveria conhecer um atalho, ou que eu podia estar enganada, já que nunca tinha estado ali, e tal... mas eu continue intrigada. Até que enfim chegamos, e paramos numa "BEACH" (praia)! Ou seja, ele entendeu "beach" ao invés de "bridge", e como não lê inglês, só entende sons, não tinha entendido nada do que queríamos.

E assim, depois de muita risada e de calças compridas, nos entregamos às cadeiras de praia e desfrutamos do nosso dia à beira mar, em Hua Hin, acreditando que o motorista  devia pensar no quão loucos éramos nós, pra querer ir pra praia de calça e tênis.

 
BNA: Algum momento em que desconhecer a cultura te colocou em situação delicada?

CARINA DITTRICH: Sempre antes de viajar eu leio bastante sobre a cultura e tradições, por isto sempre me preparo antes para o que é aceitável ou não em cada lugar, e não me lembro de ter passado por nenhuma situação delicada neste aspecto.
 
BNA: Você já correu risco de morte ou sofreu algum acidente mais grave em alguma de suas viagens?

CARINA DITTRICH: "Toc, toc, toc". Ainda não, que continue assim.
 
BNA: E no Brasil? Quantas cidades você já visitou?

CARINA DITTRICH: O Brasil é meu calcanhar de Aquiles... conheço muito pouco fora do eixo sul-sudeste.
 
BNA: Trabalhar e estudar na Alemanha: Você acredita que os alemães reconhecem com facilidade o trabalho ou os estudos de um brasileiro na Alemanha?

CARINA DITTRICH: Não. Se você quer ter seu trabalho reconhecido, vai ter de trabalhar o dobro que eles para mostrar serviço e para reconhecerem o seu valor. Mas depois de muito suar, e conquistar seu espaço, o respeito é para sempre.
 
BNA: Sua paixão por viagens te levou a trabalhar com turismo. Como é trabalhar ajudando a planejar uma viagem, algo que muitas pessoas às vezes sonham o ano inteiro e depositam grande expectativa?

CARINA DITTRICH: É uma delícia, já que viagem é sempre sinônimo de prazer, as pessoas quando lidam comigo estão sempre abertas, felizes e cheias de boas expectativas. Só recebo vibrações positivas.
 
BNA: Mudar de profissão é algo muito pessoal, você acredita que haja um tempo-limite para uma mudança deste tipo na vida?

CARINA DITTRICH: Acredito que não, e a vida é cheia de opções, devemos sempre procurar o que nos faz feliz.

Carina Dittrich 

BNA: Você criou a Senzatia e faz roteiros personalizados para seus clientes. É o trabalho com sua agência que determina seu próximo destino ou é o contrário? Você oferece roteiros pelos lugares onde você já esteve?

CARINA DITTRICH: Um pouco de cada um... já retornei a cidades para “reavivar” minha memória, e já fui pra cidades que achei que precisava conhecer para poder escrever sobre elas.
 
BNA: Seu marido te acompanha em todas as viagens?

CARINA DITTRICH: Na maioria das vezes, sim. Mas eu adoro fazer viagens de 3 dias sozinha para determinadas cidades, assim posso ver tudo que me interessa, no meu ritmo. Viajar sozinha faz muito bem, ajuda a gente a se descobrir.
 
BNA: O seu lazer é viajar ou você faz outras coisas para relaxar?

CARINA DITTRICH: Adoro viajar, mas ficar em casa, também é uma delícia. Adoro ler, navegar na internet, encontrar minhas amigas...
 
BNA: Agora que você trabalha fazendo roteiros de viagem, até onde “viajar” é lazer e até onde tornou-se trabalho?

CARINA DITTRICH: O trabalho ainda não domina minhas viagens, quando vou para um lugar, visito o que eu tenho vontade, mas claro que volto com a mala cheia de mapas e informações.

 
BNA: E a Alemanha? O que você mais gosta por aqui?

CARINA DITTRICH: A Alemanha é linda, tem muitos monumentos interessantes, cultura e tradição. Eu, particularmente, adoro Berlim, acho lindo o Vale do Reno, do Mosel, a Rota Romântica, Bodensee... Se for listar tudo aqui, vai ficar grande! O país tem muita coisa linda, e a visão dos Alpes me encanta cada vez que vou pro sul... Eu adoro fazer roteiros pela Alemanha, e me empenho ao máximo quando o cliente se interessa por conhecer o país melhor, adoro mostrar o país que me acolheu, e tão cheio de diversidade.
 
BNA: Entre Alemanha e Brasil: qual desses países você vê como “lá em casa” ou “voltar pra casa”?

CARINA DITTRICH: Sinto-me em casa nos dois países e, muitas vezes, em nenhum deles. Já tive épocas de estar com o coração mais num ou no outro. E tem épocas que sinto que não tenho mais lugar que posso chamar de casa completamente, é um sentimento conflitante, e que muitos que moram fora relatam ter. É interessante.

 


 

Fontes:
- senzatia.com
- www.viajoteca.com
- Fanpage da Carina Dittrich no Facebook

Fotos:
- Carina Dittrich, arquivo pessoal.

Entrevista concedida a Lia Alves para o Brasileiros-na-Alemanha.com, em março de 2014

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