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Determinação e persistência: palavras-chave para atingir um objetivo

Marina Wagner

Marina Wagner é psicóloga e especialista em "Desenvolvimento Humano nas Organizações", membro do VFP (Verband Freier Psychotherapeuten, Heilpraktiker für Psychotherapie und Psychologischer Berater e.V.). A paulista, natural de Amparo, é casada, tem 30 anos e vive em Stuttgart, capital do estado de Baden Württemberg, há 6 anos. Trabalha em seu próprio consultório, com aconselhamento psicológico com crianças, adolescentes, adultos, casais e famílias. Também desenvolve e ministra seminários, cursos e programas sobre diversos temas relacionados à qualidade de vida e desenvolvimento humano. Marina ainda não tem filhos, mas revela: "A maternidade é uma experiência linda e eu quero muito vivenciá-la".

Vamos conhecer um pouco sobre Marina Wagner e sobre o trabalho de uma psicóloga brasileira na Alemanha!

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Alemanha + Brasil 2013/2014Em parceria com a página Brasileiros-na-Alemanha.com, a Temporada Alemanha+Brasil publicará uma série de entrevistas de brasileiros que trazem consigo grandes histórias sobre a vida na Alemanha.

►Curta a página da Temporada e confira toda quinta-feira uma de nossas entrevistas fresquinha na Fanpage: https://www.facebook.com/alemanha.e.brasil

Esta semana vamos conhecer a psicóloga Marina Wagner, que vive há 6 anos em Stuttgart, BW.
[/message_box] BNA: Por que Alemanha?


MARINA WAGNER: Meu noivo na época, agora marido, já estava trabalhando na Alemanha há 3 anos. Além disso morar no exterior é uma bela oportunidade de crescimento e desenvolvimento pessoal.

BNA: Você já sabia falar alemão antes de vir morar aqui? Como foi o aprendizado do idioma?

MARINA WAGNER: Quando me mudei para Alemanha, eu apenas tinha algumas noções básicas do idioma. Em relação ao aprendizado de outro idioma ou qualquer outro desafio na nossa vida é muito importante não colocar idéias e crenças limitadoras frente a este. Como por exemplo, “Alemão é uma língua muito difícil“; “Tenho dificuldades em aprender idiomas“ etc. É muito importante parar de classificar as coisas em boas ou ruins, afinal tudo é importante em nossa vida. Devemos procurar sentir prazer em todas as atividades que fazemos e ao aprender um idioma devemos buscar formas divertidas e criativas de aprendizado. Fui aprendendo o alemão através das músicas (karaokê), ao ler e me informar sobre assuntos que me interessavam (em especial na área de psicologia e desenvolvimento pessoal), através da culinária, trabalhos voluntários etc. O importante é praticar e quando menos se espera o resultado aparece e vamos nos sentindo cada vez mais seguros. Tudo vai acontecendo naturalmente e quando a gente atinge nossos objetivos nos dá conta que tudo valeu a pena.

BNA: O que você pensava sobre o país antes de morar aqui? Alguma coisa mudou ou se confirmou na sua forma de ver a Alemanha ou os alemães depois de todos este anos?

MARINA WAGNER: Na minha infância eu fiz uma viagem com meus pais para a Europa e visitamos vários países entre eles a Alemanha. Pelo fato de eu tocar piano, sempre me interessei e me encantei muito com os compositores alemães entre eles Schubert, Beethoven, Bach entre outros. Tive a oportunidade de conhecer a casa onde Beethoven nasceu e morou em Bonn. Sempre admirei o povo alemão em vários aspectos como a preocupação com a ecologia, o bem estar social, o planejamento urbanístico nas cidades, etc. Muito de nós brasileiros temos uma idéia muito ideal sobre a Europa, morando aqui vamos vendo que não há lugar perfeito, aqui também há muita coisa para ser desenvolvida, cada país tem os seus desafios.

BNA: Como é a aceitação de profissionais da sua área na Alemanha?

MARINA WAGNER: Estou na Alemanha há 6 anos e quando cheguei nem passou pela minha cabeça começar a trabalhar como psicóloga, pois até então eu não havia ainda passado pela experiência de adaptação, precisava conhecer a cultura, os diversos pontos de vista, a questão da revalidação do diploma. Cheguei a fazer vários trabalhos voluntários para aprender o vocabulário de psicologia no alemão. Tudo foi um processo, comecei a atender depois de 5 anos que eu já estava aqui, pois me sentia segura para orientar as pessoas que estão passando ou passaram pela mesma experiência que eu.

BNA: É difícil entrar no mercado, ser reconhecida?

MARINA WAGNER: Sim, é preciso para isso muita determinação e persistência para entrar no mercado. A começar pela revalidação do diploma. É necessário dominar o idioma e muitas vezes fazer provas ou até mesmo voltar à Universidade para fazer algumas matérias a mais. A questão da revalidação do diploma depende que cada universidade etc. As empresas buscam pessoas na área de psicologia que realmente dominam o idioma e em relação ao trabalho autônomo é necessário passar por um grande processo burocrático. O importante é ter força de vontade para ir atrás dos objetivos.

Marina Wagner

BNA: O seu trabalho exige comunicação com o paciente. Você tem preferência por algum idioma, isto é, prefere atender pessoas que falem português ou não há problemas de comunicação com pacientes alemães?

MARINA WAGNER: Atualmente eu ofereço o aconselhamento psicológico em francês, alemão e português. Tenho clientes de várias nacionalidades, pois Stuttgart é um cidade muito dinâmica e multicultural. Como psicóloga eu considero essa oportunidade um privilégio.

BNA: Em que áreas um psicólogo brasileiro pode trabalhar aqui?

MARINA WAGNER: A inserção no mercado de trabalho na Alemanha para um psicólogo brasileiro depende muito da questão da revalidação do diploma. As áreas de psicologia escolar, organizacional, são mais acessíveis, porém quando se trata de psicologia clínica e hospitalar a inserção fica muito mais difícil.

BNA: É possível fazer aconselhamento psicológico à distância?

MARINA WAGNER: Sim, pois o mais importante no processo é o comprometimento do cliente em relação ao seu desenvolvimento pessoal e autoconhecimento. É um trabalho de parceria, costumo dizer que ninguém cura ninguém. Como psicóloga eu posso mostrar o caminho mas é o cliente é quem deve trilhá-lo; com objetividade, planejamento, conscientização e ação, resultados maravilhosos podem ser alcançados. Eu tenho muitos clientes de outras cidades e de outros países que atendo via Skype e tenho obtido ótimos resultados. Mesmo clientes que moram em Stuttgart muitas vezes acabam optando pelo atendimento online pela praticidade.

BNA: Você sente saudades do Brasil? Do que sente mais falta?

MARINA WAGNER: Sinto muitas saudades em relação a família, amigos, clima e a alegria do Brasil. Mas com o tempo a gente vai aprendendo a lidar melhor com essas emoções e vai se adaptando aqui também. Hoje em dia, com Skype e as redes sociais fica muito mais fácil manter o contato. Basta apenas querer e continuar a cultivar as amizades. O importante é manter os corações sempre perto com manifestações de carinho, atenção e afeto.

BNA: E a culinária brasileira? O que você costuma cozinhar em casa é mais Brasil ou mais Alemanha?

MARINA WAGNER: No momento eu não consigo definir a minha identidade culinária. Há dois anos eu me tornei vegetariana, pois sempre tive esta vontade devido ao amor e respeito pelos animais. Com muita determinação e persistência consegui realizar este sonho. Nesta processo de mudança de hábitos alimentares fui orientada por uma nutricionista, com isso tenho mantido uma alimentação variada com todos os nutriente que preciso. Se tornar vegetariana não significa parar de comer churrasco e nem feijoada, faço esses pratos na versão "veg" e ficam deliciosos.

Eu adoro cozinhar, para mim funciona como uma terapia e exercício de criatividade, tenho feitos pratos de todas as nacionalidades, adoro experimentar receitas novas. Cozinhar é uma forma muito divertida de desenvolver diversas competências entre elas a competência intercultural. É o que vemos hoje na "cuisine fusion" onde cada cultura culinária influencia a outra e o resultado são pratos maravilhosos.
Marina Wagner
BNA: Quais são as maiores dificuldades que nós brasileiros encontramos aqui?

MARINA WAGNER: São muitos desafios que nós brasileiros nos deparamos aqui. Toda mudança exige um esforço de adaptação e cada pessoa tem sua própria reação frente a essa mudança com intensas transformações. O processo de adaptação vai se formando e se desenvolvendo gradualmente, inicialmente essa escolha se apresenta como uma aventura, porém depois a ilusão do novo passa e é a partir desse ponto que se inicia o processo de adaptação propriamente dito, onde a pessoa começa ver a situação de maneira integral, vendo os dois lados da moeda, o lado positivo e o negativo de sua escolha. Neste processo algumas pessoas podem apresentar problemas depressivos, ansiedade, raiva, irritabilidade insônia e um nível muito alto de stress, problemas físicos e psicossomáticos, sendo necessário reorganizar inteiramente sua vida.

É preciso lidar com as perdas e mudanças, reorganizando assim sua personalidade. O transtorno de identidade é comum nesse processo de readaptação, isso reforça a importância de saber reestruturar a personalidade, traçar objetivos, fazer amizades, fazer um trabalho voluntário etc. Todas essas atividades ajudam a pessoa a se reorganizar para que sentimentos de vazio, solidão, ansiedade e depressão não tomem conta da pessoa. É preciso ter objetivos, saber o que quer e elaborar um bom planejamento em relação a como realizar esses objetivos.

BNA: Muitos brasileiros reclamam da "frieza" dos alemães. Eles são mesmo "frios e distantes"?

MARINA WAGNER: As diferenças existem sim, como em todo o lugar, porém é muito importante tomar cuidado com as generalizações. Considero que o alemães têm uma outra maneira de expressar os seus afetos e viver sua intimidade. Como por exemplo em relação à questão da comunicação e assertividade, pois os alemães têm a tendência de serem diretos demais e um brasileiro que ainda não está habituado à cultura alemã pode interpretar essa forma de comunicação de uma maneira fria e até mesmo agressiva.

No Brasil o que acaba acontecendo é muitas vezes o oposto, pois as pessoas com medo de machucarem ou ferirem as emoções das outras acabam não sendo claras e objetivas na sua comunicação. É uma questão de assertividade, pois na comunicação a maneira como falamos é tão importante quanto o conteúdo.

BNA: Você já viveu alguma situação engraçada ou mesmo constrangedora que possa contar pra gente?

MARINA WAGNER: Em 2008 comecei a fazer um trabalho voluntário em uma casa para idosos e eu e outras pessoas que trabalhavam como voluntários fomos participar de uma palestra sobre o tema: A morte e o morrer. Nesta época eu falava o alemão com muita dificuldade, enfim, um dos programas da palestra era conhecer um Hospiz (hospital para pacientes terminais) e uma funerária. Quando fomos conhecer a funerária, só fui me dar conta de onde eu estava quando vi os corpos e os caixões. Daí eu pensei: "Meu Deus, onde eu vim parar!"

Uma das coisas que eu admiro na cultura alemã é a forma de abordar as situações da vida com uma naturalidade muito maior que no Brasil.

BNA: Há algo da cultura alemã que você adotou para seu dia-a-dia?

MARINA WAGNER: Sim, existem muitas coisas interessantes que adaptei no meu dia dia, como por exemplo no que se refere à ecologia, ao respeito pelo bem estar de todos, a importância da pontualidade, disciplina e foco.

BNA: O melhor da Alemanha é...

MARINA WAGNER: Ter contato com pessoas de várias culturas e aprender a lidar com as diferenças, ampliando assim os nosso horizontes. Além disso, ao morar na Alemanha fica muito mais fácil viajar para outros países que estando no Brasil seriam mais difíceis de visitar.

BNA: Você daria alguma dica para os brasileiros que têm dificuldade de adaptação na Alemanha? Como amenizar os problemas mais comuns para brasileiros recém-chegados por aqui?

MARINA WAGNER: O processo de adaptação num país estrangeiro pode ser fácil ou difícil, isso só depende de nós. É importante entender, valorizar e até assumir parte da cultura local, por isso é preciso estar aberto a mudanças, e conhecer, se informar sobre as diferenças para saber lidar melhor com elas. É muito importante estabelecer objetivos concretos e traçar um planejamento para sua execução procurando manter sempre a qualidade de vida em seus diferentes aspectos.

BNA: Você curte futebol? Quais seus planos para a Copa do Mundo?

MARINA WAGNER: No mês da Copa vou ficar por aqui mesmo, pois ir para o Brasil nesta época é impossível, tudo muito caro. Apesar de não ser muito fã de futebol, na Copa sempre acabo abrindo uma exceção e assistindo alguns jogos. Apesar e todos os prós e contras envolvidos nesta Copa no Brasil, espero muito que o Brasil vença, de qualquer maneira será uma ótima oportunidade do Brasil mostrar seu potencial e suas belezas naturais. Amo meu país e tenho muito orgulho de ser brasileira.


Créditos:

http://www.psychologe-stuttgart-wagner.de/português/

Facebook: http://www.facebook.com/psicologa.online.marina.wagner

Contato: +49 0711 8065851 e +49 0176 77078545 (celular)

E-mail:

Fotos: Marina Wagner, arquivo pessoal.

Entrevista concedida a Lia Alves para o Brasileiros-na-Alemanha.com, em maio de 2014

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