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Na era dos ficantes...

Uma das minhas palavras favoritas é „ficante“, que me foi „apresentada“ por um amigo em bate-papo via internet, quando lhe indaguei se ele tinha alguma namorada, paquera, cacho, amante ou sei lá o que. A resposta foi: „não, tenho uma ficante!”

Perguntei o que significaria a tal criatura e ele me disse que seria alguém com quem se fica, por alguns momentos - de natureza íntima, diga-se de passagem - mas sem compromissos... Nada mal, lembrei-me da minha adolescência quando dizíamos, em Salvador, pelo menos: „fulano curtiu com beltrano”, ou “pegou sicrano”, também para dizer que houve a paquera, o contato, mas sem continuidade ou compromisso. Ah sim, vocês se lembram da tal „amizade colorida“? Para dizer que rolava algo mais na estória do que aquilo que se mostrava em público? Conheci muita gente que teve tantas amizades coloridas que daria para saírem vestidos de arco-íris no carnaval...

Mas meu senso crítico me espetando me diz que a escolha desta palavra para descrever este estado de paquera não-comprometedora encerra um paradoxo, pois „ficar“  significa permanecer, exprime um sentido de durabilidade, de constância,  exatamente o oposto do que se quer definir.  Independentemente do que eu ache ou pense, fato é que a tal palavra é usada corriqueiramente e, vou confessar para vocês, o mais engraçado de tudo: conheci um monte de gente „ficante“! Podem rir à vontade, também acho divertido, pois o estado de ficante é um estado de graça mesmo, prazer sem compromissos, sem grandes expectativas e o melhor de tudo: não tornando em nada o tal relacionamento (será que se pode dizer assim?) em algo menos interessante ou importante para as partes envolvidas. Conversei com alguns deles, homens e mulheres que me disseram ser ficantes bem-resolvidos, pessoas que, pelas mais diversas razões, não estão a fim de se comprometer, de namorar, apresentar o outro para a família, para os amigos, assumindo publicamente que têm alguém com quem passar momentos de prazer, felicidade, cumplicidade, amizade; enfim, pode ser tudo bom e legal mesmo, mas para continuar assim é preciso que nada se mude no status do ficante, afinal a gente só fica com aquilo que nos faz bem, é o instinto seletivo natural de todos nós – ou, pelo menos, o que reza a teoria.

Imagino que tem gente que prefere um namorado/a, ou noivo/a, ou marido/mulher em uma relação já desgastada do que um/a ficante gente boa e alto astral... optando assim pela comodidade e apego aos padrões em troca de qualidade de vida, prazer, etc. que o tal ficante pode nos proporcionar. Estou ficando tão entusiasmada pela idéia que proponho uma campanha para incluirmos nos formulários onde se pergunta o estado civil o status de ficante! E quando forem indagados a respeito, atirem: ficantes: forma de prazer sem compromisso, sem endereços em comum, sem cobranças, sem busca de heróis e heroínas, simplesmente: pessoas que se respeitam e se gostam, que investem apenas no aqui e agora, sem medo de serem felizes...





Copyrights: Claudia Sampaio
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